Pedimos a "mais cara"

Era um dia cansativo e difícil para Alberto. Ele havia sido demitido injustamente do serviço, além de ter sido assaltado na rodoviária. Acabara de ver sua mulher no carro com outro. Sim, ele estava bem mal.

Mas ele olhava o lado bom. Sim! No fundo havia um lado bom. Sempre há, e não seria desta vez que o sempre sorridente Alberto iria se decepcionar. Emprego? Havia muitos na área de marketing empresarial onde ele trabalha. Em relação ao assalto, simplesmente o trabalho lhe daria tudo novamente. Sua esposa? Nada pior que um homem perder a sua dignidade chorando por mulheres. Mesmo ele amando aquela que dividiu cama por quatro anos. Se ela fez isso, era porque algo havia acontecido... Não iria forçar nada, simplesmente ter a dignidade e honrar o que Deus chamou de homem.

Nada melhor que em um final de uma sexta-feira, cansativa ou não. Era dia de se sentar naquele mesmo bar, e pedir a mesma cerveja que tanto fez aquele homem sorrir. Sim, a cerveja serve como prêmio para vitórias e também para consolo em dias difíceis. O copo gelado alivia e a cada gole, faz qualquer um se sentir melhor. Quando se encontra alguém para compartilhar então, os problemas são levados a zero. E foi o que aconteceu:

- Alberto, é você mesmo?!

-Ah para que é você Carlos... Quanto tempo seu veado!

Depois de se cumprimentarem, “elogiando” a mãe, e brincarem sobre questões masculinas, coisas típicas de verdadeiros amigos, se sentaram no balcão e pediram a cerveja tão amada.

-Então Alberto, me conta como vai a esposa?

-Olha caro amigo, pelo que eu vi agora, ela deve estar com outro.

- Como assim?!

-Esquece isso! Mas me conta, e o nosso time meu veio?

-Então... Acabei de combinar com meus amigos, pra fazer um churrasco lá em casa, pra ver o jogo, e tu estás convidado! Fluminense, mesmo estando na zona, vai ser difícil... Nosso time costuma levantar mortos né?!

-Isso que me indigna... Tava pra nós o campeonato, e sempre conseguimos estragar algo! Meu dia ta meio ruim, e nem o time ajuda né... Mas o importante é que estou aqui com meu brother esperando a doce-amarga... Falando nisso... Ô Beto, e a ceva?

Alguns barulhos de copos e sai da copa, um sujeito vestido com uma camiseta amarela, coberta por um avental manchado por algum produto químico não reconhecido pelos amigos sentados ali. Vestia sandálias, e seu rosto estava fechado. Esse era o jeito de Beto, conhecido por Alberto por várias sextas-feiras.

-Então Alberto, a de sempre aquela... Não tem, problema com o fornecedor e vô fica ti devendo.

-Mas Beto, tava esperando por essa cerveja pra melhorar meu dia!

-Foi mal, mas problema no fornecedor.

E volta para a copa, ajeitando o avental.

-Calmo Alberto – disse Carlos, vendo a face do amigo –, isso se resolve fácil. Vamos tomar uma mais cara?

-Mais cara?

-Sim, tu me entendeste.

De lá foram rumo a “mais cara” e certamente a melhor.

E o Inter tem que tomar uma “mais cara” nesse domingo e no Gre-Nal. A “mais cara” é sempre melhor. Não importa o esquema, 3-5-2... 3-6-1... Queremos ver os “mais caros” e melhores em campo. Que o dono do nosso querido bar entenda, que nessa reta de campeonato não podemos ter problemas com o fornecedor.