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quarta-feira, 27 de maio de 2009

História Colorada

Não faz muito que estreamos a sessão "Compartilhe a sua história" e já temos a 1ª.
Segue abaixo a história do colorado Cléber dos Anjos:

"
Meu nome é Cléber dos Anjos. Tenho hoje 32 anos, sou publicitário e moro em Novo Hamburgo.
Vou contar pra vocês uma história que aconteceu comigo no jogo da final da Copa do Brasil de 1992.

Porto Alegre, 13 de dezembro de 1992.
Final da Copa do Brasil. Internacional x Fluminense

Eu, então com 15 anos e morando com meus pais em São Leopoldo, resolvi ir ao jogo junto com o primo de um amigo - Marcos, que morava em Porto Alegre.
Chegamos cedo ao estádio e compramos ingressos para a "coréia". Tudo bem até o presente momento a não ser pelo plano idiota de entrar na "coréia" e pular para as "sociais".
Bom, entramos pelo portão atrás da goleira do Gigantinho e fomos caminhando em direção a parte central, em frente as gabines de emprensa. Este era o local escolhido para pular.
O Marcos pulou e rapidamente se misturou aos outros torcedores que ali já estavam. Não o vi mais. Agora era eu. Que loucura, parede alta, arame farpado. Já que estou aqui não vou amarelar, né?! Subi rapidamente e pulei para as "sociais". Me misturei aos outros torcedores e "mais faceiro que gordo de camisa nova" fiquei ali, esperando pelo início do jogo. O estádio estava lindo, lotado. O cinza do cimento das arquibancadas na época foi totalmente pintado de vermelho e branco das camisetas dos torcedores. Os minutos passando e eu ali, completamente deslumbrado com o que via. Foi ai que num movimento rápido um "brigadiano" me ergueu pelo braço e disse: "Eu vi tu pulando vagabundo, agora vou te colocar para fora do estádio". Nossa senhora. Que dor no coração. Arrependido pela "burrada" de pular e triste por estar sendo colocado pra fora e não podendo ver a final. Pedi: "Pelo amor de Deus cara, não me bota pra fora". Nada adiantava. Enquando o "brigadiano" me levava o pessoal das "sociais" gritavam pra ele me largar: "Larga o guri brigadiano f.d.p. Tu só pode ser gremista pra estar fazendo isso". Não adiantou. O cara continou me lavando em direção a saída atrás do gol do placar. No trajeto ele me falava: "Viu, o que adiantou tu querer pular? Agora não vai ver o jogo". Fui ficando cada vez mais indignado e respondi pra ele: "Não dá nada. Vou entrar de novo. Tu vai ver. Não vou ficar sem ver esse jogo". Ele riu e antes de me empurrar pra fora do estádio disse: "Se eu te ver aqui dentro de novo, onde quer que for, vou te colocar pra fora novamente. Esse jogo tu não vai assistir". Bah, chorei de raiva naquela hora. E pra piorar ainda mais a situação o dinheiro que eu tinha dava apenas pra comer alguma coisa e pra pagar as passagens de ônibus. "Putz, e agora", disse eu. Fiquei andando que nem louco em volta do estádio. A hora do jogo se aproximava. Até que num verdadeiro milagre encontrei um "cambista" apavorado "torrando" uns ingressos de "inferior". O louco estava pedindo o mesmo preço do ingresso da "coréia", tamanho era o seu desespero. Bom, resumindo, comprei o tal do ingresso. O novo problema era que o dinheiro que sobrou dava apenas para uma passagem: "Como voltaria pra São Leopoldo apenas com uma passagem, sendo que precisaria de duas? Azar, f...-se. Vamos pro jogo, depois a gente vê no que dá.
Faltavam uns dez minutos pro jogo começar quando entrei na "inferior" pelo portão onde hoje é o "Gato do Alemão". Não acreditava que tinha conseguido entrar novamente. O estádio estava completamente lotado. Não achei nenhum lugar ali e então fui parar atrás do gol do gigantinho. Ali eu assisti toda a partida. Sofri, chorei e sorri. E, o mais importante de tudo, vi o meu Internacional ser campeão. Gente, que festa. Invasão de campo. Correria, gritos. Uma verdadeira festa. Lembro que quando o juiz ergueu o braço já tinha um torcedor ao lado dele. Volta olímpica. Loucura total.
Terminada a festa era hora de ir para casa. Ai o bicho pegou novamente: "E agora, hein?! Como é que eu vou chegar em casa com apenas uma passagem. Azar vou pular o roleta no "Centralão" e era isso".
Fui embora. Caminhei até o centro, onde saem os ônibus para São Leopoldo, Novo Hamburgo, etc. Cheguei lá e fiquei me fazendo de louco até que encostrou o "bus" com a placa: "São Leopoldo". Pulei pra dentro. Sem pensar. E não é que, pra minha sorte, o cobrado era colorado e está feliz da vida que o Inter tinha ganhado o título. Sentei no fundo do ônibus, na famosa "cozinha", e fiquei ali, de canto. Então quando o ônibus arrancou, o cobrador me pegurtan: "Dae colorado, tava no jogo?" Prontamente respondi: "Claro, né meu!". Bah, foi a deixa. Levantei e sentei perto do cara. Começamos a falar do jogo. Contei como tinha foi o jogo, o gol, a festa... O cara tava louco. Foi ai que eu disse pra ele: "Velho, seguinte, tô zerado de grana. Tô só por ti pra me dar uma carona até São Léo". O cara disse na hora que sim e ainda perguntou se eu queria uma grana, caso eu precisasse pegar outro "bus". Até pensei em pegar. Mas pensado melhor resolvi que não. Apesar do tudo, o dia já tinha sido de muita sorte pra mim. Pra mim e para todos os colorados do mundo.
Pra finalizar, cheguei em casa quase meia-noite "são e salvo". Só a minha mãe que estava preocupada com a minha demora pra chegar em casa."

Quer mandar a sua também? É fácil, e será publicada ;)
Mande sua história para "nacaogigante@hotmai.com".

2 comentários:

  1. Powww, a sessão não poderia começar de melhor jeito.. = P
    Parabéns Cléber, demosnstrou seu verdadeiro amor pelo Colorado !!
    Esse jogo teve público de mais de 32000 mil torcedores e gol do título foi do zagueiro Célio Silva se não me engano.
    E esse ano tem de novoooo... o/
    = )

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  2. Foi com orgulho que postei ;)
    Parabens Cléber :D

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